quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Correndo por novos caminhos

Quando eu era pequena eu tinha um grande sonho: correr a São Silvestre.

Era como um ritual de Ano Novo: logo após a largada na TV a gente corria para a Brigadeiro para saudar a garra daqueles atletas de perto.

O tempo passou. Cresci, estudei, trabalhei e realizei outros sonhos.
Mas todo fim de ano eu ficava pensando se seria possível concluir os 15 km mais famosos do atletismo brasileiro um dia...
Achava que não, afinal o tempo tinha passado, eu tinha feito muita coisa na vida, mas não tinha virado atleta.

Quando nos tornamos adultos achamos que podemos programar nossa vida até o final. E talvez esse seja nosso primeiro grande erro.
Mudamos o foco da carreira, ganhamos menos ou mais dinheiro do que programamos e o grande amor da nossa vida quase nunca é o primeiro.

O segundo grande erro está em nossa resistência às mudanças.
Precisamos deixar a vida acontecer e aceitar que tudo muda, muitas vezes para melhor.

Foi assim, num desses momentos em que deixei a vida acontecer, que comecei a praticar corrida e um dia realizei meu sonho de correr a São Silvestre.
Foi tão bom, me senti tão realizada e capaz, que o sonho se tornou um novo ritual de Ano Novo. Nunca mais viajei e troquei as 7 ondinhas pelas ruas de São Paulo.

Mas... tudo na vida muda e até isso mudou.
Em 2011 fomos surpreendidos com a notícia de que o percurso da São Silvestre havia mudado.
No começo eu resisti porque não aceitei a idéia de ter essa corrida sem a tão famosa descida da Consolação, sem o Minhocão e sem a chegada na Paulista!
Não seria a mesma coisa...

Mas e ai, eu não iria correr? E meu ritual de Ano Novo? O que eu ia fazer?

Comecei a ver a coisa por outro lado e aceitar que a vida tem mudanças das quais não podemos fugir.
As 7 maravilhas do mundo já não são as mesmas, Nova York não tem mais as torres gêmeas e nem a própria São Silvestre é mais noturna.

Mas quantas mudanças no mundo, e até mesmo na minha vida, não foram para melhor?
Então eu procurei não ser resistente e resolvi experimentar essa mudança...

Choveu, choveu muito!
Como se até São Pedro estivesse triste quando escutou “We are the Champions” na largada ao invés de “Chariots of Fire”.
Apesar da vontade que deu de virar à direita na Rua da Consolação foi um consolo passar pelo Estádio do Pacaembu.
E sempre cabe mais um em nossos corações, mas não precisava aumentar o número de participantes de 15mil para 25mil.. 10 mil é muita gente até para um coração Paulistano.
O corpo também reclamou.
A vilã da prova continua a mesma, a Brigadeiro, mas a temida subida virou mocinha e a descida fez com que nossos joelhos gritassem.
Chegada no Ibirapuera não teve graça nenhuma. Perdeu o charme e deixou a corrida com cara de tantas outras que temos durante o ano.
Nossas medalhas foram entregues num mar de lama e também não havia transporte para voltar para casa.
E choveu, choveu muito!

Valeu! O lado bom foi que me permiti conhecer os novos caminhos da São Silvestre e sobrevivi para escrever este texto.
Depois de tantos anos seguindo esse ritual agora eu me sinto livre para fazer outras escolhas em 2012.

O mundo vai mudar, as pessoas vão mudar, as coisas vão mudar... sempre! E algumas outras tantas não vão mudar, mas você vai ter mudado.
E a vida é assim, em todos os sentidos... não podemos ficar presos a velhos conceitos, rituais, trabalhos, relacionamentos... a menos que nos façam felizes, senão é sempre tempo de mudança.

E este é meu conselho para 2012:
Liberte-se!
Experimente novos caminhos e seja feliz!

2 comentários:

  1. Minha amiga! Vc nem imagina o orgulho que tenho de ter visto vc completar essa prova durante estes anos! Adoro te ver assim linda, saudável, dentre tantos amigos nossos que se perderam nos caminhos da vida... Vc sempre será campeã! sinto saudade de você querida! Grande beijo!

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  2. Pois é, minha amiga, quando a gente acha que vai para um lado vem a vida e nos leva para outro... E aquelas calorias que a gente consumia na porta da escola estão sendo gastas com muitas passadas. Obrigada pelo carinho! Beijo no coração!

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