domingo, 22 de novembro de 2009

Amar, Verbo Irracional


A vida é tão engraçada que colocou no meu caminho 3 animais que estimo muito, nem gato nem cachorro, foram 3 periquitos.

Primeiro chegou um casal, estavam famintos e cheios de piolhos. Levamos ao veterinário, passamos remédio, demos comida e eles cresceram fortes e saudáveis. O macho está tão grande que parece até um Papagaio.

Depois o porteiro do meu prédio achou na rua uma outra periquitinha toda machucada e me entregou. Achei que ela fosse morrer, mas cuidei, dei comida na boca, limpamos os machucados e ela sobreviveu! Ela tem os pés tortos e não consegue segurar comida e dizem que na natureza a própria mãe tenta matar o passarinho “com defeito” por uma questão de amor, pois sabe que com essa deficiência ele sofrerá muito mais tentando sobreviver.

Mas na minha casa tanto ela como os outros são criados com tudo do bom e do melhor. E, além disso, eles vivem soltos pela casa. Por amor a eles, nada de passarinho preso. Eles até tem gaiola, mas fica aberta todo o tempo e eles só entram para comer e dormir... ou quando bem quiserem.

Dizem que os periquitos escolhem seu par, se “casam”, são fiéis e vivem um ao lado do outro até o fim da vida. Pelo que observei dos meus, isso é verdade. O casal de periquitos era super unido, eles dormiam juntos e tão enrolados um no outro que ficavam parecendo uma única bola verde de penas.

Quando a nova periquitinha chegou foi uma briga! A senhora Quita teve ciúmes do seu marido, mas ele não deu bola para a “passarinha” nova no pedaço. Todos ficaram amigos, eles se tornaram o Quito, a Quita e a Quitinha.

E por fim a Quitinha acabou se apegando mais a mim e à minha mãe do que aos outros. Ela gosta de ficar no nosso ombro o tempo todo, dorme comigo embaixo das cobertas quando estou tirando um cochilo no sofá e adora roubar arroz do meu prato.

Engraçado que ela não fala a minha língua, mas a gente se comunica muito bem. As vezes passo perto dela e a vejo batendo as asas, sei que ela quer que eu a pegue. Se estou com pressa pego ela no colo, dou um beijinho e a coloco de novo no chão e ela entende, mas se resolvo ficar deitada no sofá sem ela, a danada começa a gritar até eu pegá-la e deixá-la ali quietinha, apenas deitada comigo. Sinto que a Quitinha me ama de verdade.

Já o casal era tão unido que eles acabaram não se apegando muito a gente. Lógico que quando chego perto comendo uma banana perto deles tenho que distribuir mordidas, ou melhor, bicadas. Se estou comendo algo que eles gostam ai eles vem na minha mão, caso contrário nem ligam para os humanos. Só nos procuram quando anoitecesse para que a gente cubra a gaiola deles.

Mas, como já disse, eles vivem soltos e dou a liberdade deles fazerem o que quiserem, até de fugir.
Nesse sábado de calor insuportável a janela estava aberta, como já ficou tantas outras vezes. Quando olhei o casal de periquitos estava na janela. Não achei normal porque eles nunca tiveram curiosidade de expiar o mundo lá fora.

De repente os dois voaram, um voou para dentro e o outro para fora da janela do 9º andar. Ele ficou e ela se foi num vôo lindo que ainda tive tempo de ver. Não sei se ela assustou com algo ou se seu desejo era mesmo partir para o mundão. Sei que ela se foi e deixou seu marido triste.

O Quito está de cabeça baixa pela casa, procurando nos cantos e gritando pela sua Quita na janela, mas ela não volta. A Quitinha está tentando reanimá-lo, naturalmente resolveu ficar menos com a gente e mais com ele. Tentou até fazer um cafuné, mas ele não deixou. Está curtindo uma fossa danada.

As janelas estão abertas caso ele queira fugir também e ir em busca da sua amada, mas ele não foi.

É, o amor é um sentimento tão forte que vence o raciocínio. Ou seria a nossa capacidade de raciocinar algo tão bruto que é capaz de nos afastar do amor? Só sinto uma coisa: os animais, que são chamados de irracionais, são muito mais competentes na arte de amar do que nós, humanos pensantes. Logo, pense menos e ame mais!

terça-feira, 17 de novembro de 2009

Um pouco sobre casal




                Antes de nos casarmos, ou morarmos juntos com alguém, é natural desenvolvermos afinidade com lugares, hábitos e amigos, de forma que criamos um espaço para nós todo particular, com a nossa cara. Inclusive este espaço é um dos pontos que os solteiros dedicam maior atenção ao escolher uma companhia para passar bons momentos juntos (os que não se dedicam deveriam fazer isso...).

                Mas mesmo solteiros temos uma amostra do que é uma vida coletiva, e para uma real noção do que significa, convido o leitor a um momento de reflexão e aprendizado que pode ser levado não só a vida a dois, mas a vida familiar e social.

                Já observaram o que existe no centro das pequenas e de algumas grandes cidades? Uma Igreja ou catedral... Correto? Lembram-se disso? Nas pequenas cidades é claro que estas catedrais são as maiores construções da cidade. A cidade surge em torno delas.

                O prédio mais alto da cidade demonstra o que centraliza seus habitantes, seus valores. Em cidades como São Paulo, Nova York, Tókio, os maiores prédios são os comerciais. Isto deve significar algo, correto?

                Em nossas casas, da nossa família, podemos notar que nosso quarto tem a nossa cara, mas a sala tem um pouco de cada membro da família. No ambiente de trabalho temos muito de nós também, mas reparem que nem sempre isso quer dizer que é positivo (vide as pilhas de papéis, os emails não lidos, e os problemas não resolvidos).

                Notem algo interessante... Assim como as cidades mostram os valores da sociedade, as salas de casa demonstram os valores da família... Antigamente nossos avós tinham na sala as fotos de família.. nossos pais tinham livros, rádio, lembranças.. e hoje temos?? Bem... todos sabem. A grande estante (rack??) da sala sempre é o espelho da família.

                Se atentem no raciocínio da síntese. Vida a dois é isto. É saber ceder um pouco para unir. É saber abandonar velhos elementos individuais para dar espaço a novos momentos coletivos. Tudo isso para formar uma nova “alma”, uma nova personalidade, capaz de tornar duas pessoas tão parecidas que chega a dar medo (sim, verdade, pode dar medo mesmo... porque o ego cobra sua liberdade... mas isto já é uma outra estória...)

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

O Último Beijo

Ela estava numa boa, seguindo sua vida de solteira e envolvida com seus projetos pessoais. Não estava à procura de ninguém, mas também não estava fechada para um possível relacionamento.

Ele buscava um amor para a sua vida, se encantou com Ela e resolveu conquistá-la.

Um começo de romance fantástico, intenso, cheio de emoções e satisfações, daqueles que fazem perder a cabeça e a razão.

Ele fez questão de firmar um compromisso logo no começo, porque queria que aquela mulher fosse somente dele.
Ele disse que Ela era a mulher de sua vida. Todos achavam que em breve eles se casariam e seriam felizes para sempre, pois aquilo era amor de verdade.

Não houve tempo para a rotina, pois foram apenas algumas poucas semanas.
Num sábado eles saíram e tiveram um encontro maravilhoso, com sexo da melhor qualidade e juras de amor.
No domingo Ele apareceu na casa Dela e disse que não dava mais. Falou que a adorava, mas não estava preparado para um relacionamento naquele momento.

Ela nada entendeu, não sabe se fez algo errado, se o problema é com Ela ou se Ele é um Louco.

É possível que as emoções e sentimentos mudem da noite para o dia?

As pessoas possuem fraquezas, se iludem e muitas vezes erram todos os caminhos, mesmo querendo acertar.

Todos nós, alguma vez na vida, já fantasiamos uma situação e depois nos desencantamos com ela. A necessidade de ser feliz faz com que a própria razão se iluda.

Nos momentos de felicidade realmente curtimos e acreditamos que tudo é verdade, pois queremos que tudo dê certo. Até que algo nos acorda e nos coloca no devido caminho. Vem a pancada da desilusão. Triste, mas nos deparamos com a pessoa errada para a nossa vida. Ruim para as duas partes.

Esse desencanto acontece porque há um desencontro consigo mesmo. Não ter a si próprio e não conviver bem consigo mesmo leva a procura desesperada por alguém que resolva seus problemas, que te complete.

Errar não é maldade e nenhum relacionamento tem obrigação de dar certo, mas se não sabe o caminho, melhor procurar um mapa antes. Quem se entrega a uma relação e inesperamente é abandonado, sem um motivo aparente, sofre e fica com marcas e muitas vezes elas vão se espalhando por ai.

Pessoas precisam respeitar pessoas e se respeitar também, afinal situações assim machucam todo mundo. O bom é que tudo serve de lição e vamos aprendendo as regras do jogo do amor. Ou não.

Após dizer que não dava mais e que não podia continuar com aquela relação Ele abriu a porta e já ia saindo, mas parou e voltou.

Olhou para Ela, correu e a abraçou fortemente. Não resistindo Ele a beijou com paixão.

Mas depois se afastou de novo e disse: tchau, nós terminamos, tá? E se foi.

Ela ficou olhando para a porta e chorou pelo último beijo.
(Baseado em fatos reais desabafados por alguém)

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

O Valor do Momento



                Como foi aquela sua última viajem? Aquele fim de semana naquela cidade que você nunca foi? Gostou da Exposição de Artes?

                Está tudo registrado em fotos, correto? Todos amigos apareceram? Já estão todas no Orkut? Facebook? Fotolog?

                A internet parece firmar o fato na foto. Muitas viagens não são consideradas completas antes de postarmos as fotos. Muitas vezes no momento da foto já pensamos “ficará ótima no Orkut”...

                Mas e o valor daquele momento? Será que foi realmente vivenciado?

                Se fosse possível, muita gente ia querer ter certificado de turismo... muitos já guardam a passagem, o ticket, o ingresso, para poder provar que foi!

                Mas poucos, bem poucos, sabem aproveitar realmente o momento de descoberta, de confraternização, de vivenciação. Para estas pessoas as fotos se tornam meros índices... lembretes de momentos importantes...  o valor já está na alma.. a foto é um retrato.

                Aproveite o dia, com ou sem fotos.  Não deixe sua vida se tornar virtual. O personagem do Orkut é que deve depender de você e não o contrário. Ele não é a causa, e sim uma mera conseqüência. Ele não está em primeiro, você está! É melhor seus “amigos” te acharem um idiota e errarem, do que você se tornar um verdadeiro idiota, um hipócrita que tenta mostrar a todos que você é aquela imagem vendida.

                Pensem nisso.