sábado, 7 de setembro de 2013

Uma temporada para perfeição da fé

*Post com titulo [ligeiramente alterado] de um texto fictício do filme “Encontrando Forrester”  e fechamento com a sentença clássica de Salomão Schwartzman

                Às vezes me questiono se deixamos de escrever por falta de tempo ou de tema.
                
                Como bom escritor amador, me apego à segunda hipótese, acredito que dependemos de um tema que nos agrade para podermos discorrer, no entanto, sinto que a espera tem seu preço cobrado pela inércia. Quando deixamos de escrever, deixamos de lado o som das teclas e a eloquência que nos preenche em nossos discursos e, uma vez afastados, inicia-se um novo ciclo em nossa vida.
                
                A eloquência é como um espírito que paira sobre nós e adentra nosso cerne quando nos colocamos em harmonia com os temas que vivificam nossas vidas. Não importa o tema. Para alguns é o amor, para outros pode ser história, política, biologia, animais domésticos, filosofia. Realmente não importa.
                
                O que percebo é que uma ânsia interna às vezes nos afasta da eloquência, nos afasta deste espírito da verdade que nos faz vibrar nos momentos de nossa vida que nos temos em alta conta, mais esclarecidos, sábios e capazes de ensinar algo ao mundo. Remetendo a Dante Alighieri e sua Divina Comédia, é como se em alguns momentos de nossa vida nos embreamos em selva escura, em direção a uma jornada, uma temporada para perfeição da fé, um período de provações em que nos colocamos em situações de desconforto para podermos superar e provar a nós mesmos de que matéria somos feitos.
                
                E é nesta fase de provação que deixamos de escrever, deixamos aquilo que amamos como jogar bola, viajar, cozinhar, ler, desenhar, pintar, etc. Até que, passo a passo, reconquistamos perante nós o direto de fazer o que amamos.
                
                Se é assim que é, que assim seja. Se é isso o que temos pra hoje, então basta.
                
                Mas o importante é não perdermos o rumo de casa e não passarmos tempo demais na selva escura. Desça ao inferno, encontre o que foi buscar. Diversão ou tristeza, fantasia ou realidade, dor ou prazer, e volte. Volte porque aqui fora tem um mundo todo que espera por você, e se você não estiver aqui para fazer aquilo que você faz melhor, outros, menos aptos, tomarão o seu lugar e o mundo não será o mesmo.

                E seja feliz.