sábado, 20 de outubro de 2012

Para escolher um novo amor


 - "Quem souber colocar sua inteligência ao lado do coração alcançará na Terra as maiores alturas." - JHS

                Na árvore da vida humana cada ramo é um caminho a ser percorrido e nem todos os caminhos darão frutos e nos deixarão mais próximos da copa, e sendo assim, cabe a nós utilizarmos a intuição e a inteligência a fim de escolhermos os melhores ramos, as melhores sendas, de forma a nos elevar e fortalecer para as adversidades que natureza nos proporciona durante o nossa ascensão.

                Na vida amorosa, sempre haverá ao menos dois caminhos, o altruísta e o egoísta, cada qual com a sua beleza, com seu valor.

                Altruísmo é bem querer, é o amor incondicional que busca a felicidade alheia independente da própria. Se alguém te ama de forma altruísta ela irá batalhar pela sua felicidade, não pela sua companhia, o que naturalmente poderá incomodar a pessoa amada caso o amor seja recíproco e ela deseje estar com ele, deseje ser alvo de uma ferrenha batalha de conquista repleta de paixão e aventuras, e não aceita apenas votos de felicidade.

                Já o amor egoísta é a semente da discórdia. É o amor daqueles que desejam a felicidade do outro apenas se ele estiver junto de si, senão não. É o amor daquele que aceita ficar junto mesmo que o amor não seja correspondido, pois ama o bastante por ambos. O que prepondera neste caso é o instinto animal,  repleto de sentimentos inferiores, que vê o amado como um objeto a ser mantido próximo e exclusivo, roubando assim a natural liberdade a que todos nós temos direito.

                “Os opostos se distraem, os dispostos se atraem”.  – O Teatro Mágico

                Quando for escolher uma companhia, não busque aquela que tem a luz que falta em você, pois este é o verdadeiro vampirismo, e da mesma forma que você consumiu a sua, também irá consumir a luz alheia e ambos acabarão apagados.

                Não busque aquela que te prende, te sufoca e te afasta dos amigos, pois eles são o seu porto seguro e devem ser mantidos sempre em lugar de destaque.

                “Para viver um grande amor é primeiro preciso tornar-se cavalheiro... “ – Vinicius de Morais

                Nas palavras de Sidarta Gautama, o Buda: “não construa seu edifício em bases frágeis”. É dever de todos nós elevarmos internamente a afeição pelo bem, bom e belo em detrimento ao mau, mal e feio, e desta forma nos tornamos dignos de sermos base de crescimento da pessoa amada no dia em que ela chegar.

                E se um por ventura chegar a hora, cabe ao mais sábio entender que por mais que você goste de uma pessoa, seja como namorado-amigo-amante-marido-esposa etc., não significa que você deve passar a vida toda com ela se está claro que a convivência não levará nenhum dos dois a copa da vida, e por mais que a inércia (tendência de se permanecer como está) possa nos compelir a permanecer juntos por hábito e conveniência, temos sempre uma obrigação maior conosco, a obrigação natural de buscarmos o nosso lugar no mundo, nosso equilíbrio e nosso destino...

sábado, 3 de março de 2012

A escolha das batalhas

                           - Pinturas da Atividade com Crianças de Pouso Alto - MG

                Esta semana foi questionada a minha falta de interesse em me envolver num processo para responsabilizar o terceiro num acidente de transito. Foi uma experiência interessante. Vi pessoas utilizando mais energias para indignar - tornar indigna -  a minha atitude do que eu gastei para lidar com o problema inteiro, que no meu caso se resumiu basicamente em anotar dados e acionar a seguradora.

                Tendo em vista que moramos em um país que está no 73º lugar no quesito honestidade do estado maior, e que boa parte da humanidade vive em extrema pobreza, acho triste que pessoas gastem suas energias com intrigas que não visem o bem comum, que em menor grau seria a família, depois a comunidade, o país e o mundo.

                Desde o mês passado estou trabalhando na preparação de um encontro de jovens de 3 dias em Carmo de Minas - MG, o 17º ENCARE, cujo foco será o caráter e a cultura como elementos de transformação do ser (inscrições abertas desde o dia 29/02. sintam-se todos convidados), e, além disso, tenho que pensar numa atividade que faça a diferença junto às crianças de Pouso Alto – MG, que será aplicada já no próximo sábado dia 10/03.

                Felizmente não estou sozinho nestas “batalhas”, mas isto não significa que posso dar menor atenção às mesmas, principalmente em prol de elementos que me conduziriam para outro foco, outro estado de consciência.

                Respeito às escolhas de todos, por isto nunca paro para questionar porque não economizaram dinheiro acordando 1 dia cedo para comprarem roupas com um custo / beneficio melhor no Brás – SP. Não questiono se gostam de carros e motos que atingem 200km/h num país cuja velocidade máxima é 120km/h. Não questiono se uma irmã não fala com a outra, ou um pai não fala com o filho. Não questiono coleções de latinhas de cerveja. Quer lavar o seu carro na frente de casa, colocar um som insano e rodas esportivas? Ótimo.

                Num livro de Tomás de Kempis (1379-1471), ele menciona “Não considere ter tido progresso algum se ainda se considera melhor que alguém”. Somos pessoas diferentes, a diferença faz o mundo e cada um de nós é útil da sua maneira, nem que seja como mau exemplo!

                Mas acima de tudo, o mais importante é o respeito. Dar e merecer.

                Respeito o lobo que em sua natureza caça as ovelhas, pois faz isso com dignidade. Respeito as ovelhas que em sua natureza não lutam contra os lobos, pois assim são. Uma criança que quebra um vaso faz isso seguindo sua natureza, e será repreendida pela cultura dos responsáveis, e ambos devem evitar o exagero, a criança não irá jogar o vaso nos pais, e os pais não vou espancar a criança.

Mais importante do que a batalha que escolhemos lutar, é a forma como lidamos com ela, e o respeito que temos por aqueles que não compartilham de nossa escolha.

“Toda profissão é sacerdócio ou comércio, segundo seja exercida pelo altruísmo ou pelo egoísmo.” - Henrique José de Souza

domingo, 8 de janeiro de 2012

Slow Food e o Sincretismo Religioso



                Um efeito, talvez colateral, da calda longa é o surgimento de pessoas com elevado conhecimento de elementos diversos, porém com profundidade reduzida por ser obtido via pesquisas superficiais ou marketing digital, e que tem como ápice a subversão de doutores Philosophiæ e Honoris causa, em prol do “Google causa”, ou seja, pessoa que dedica seus “esforços” numa pesquisa na internet e apresenta em cinco minutos suas conclusões aprovando ou contestando determinada informação obtida como fruto de uma motivação surgida normalmente numa pesquisa cientifica mesa de bar ou atualização no facebook.

                Em meio a tal época, qualquer tarefa que demande tempo, dedicação e amor tornam-se hercúleas: correr, pintar, cozinhar, criar filhos, escrever, etc.. E aí surge o Slow Food.

                O Slow Food é um movimento mundial da área gastronômica que leva em si uma proposta de desaceleração e envolvimento com cada momento, assim como apregoado na filosofia Zen Budista, e que infelizmente é algo distante da realidade da maioria das pessoas, incluindo os orientais. Em sua concepção, o Slow Food defende não o prazer hedonista em cada refeição, mas sim o desfrute do momento, com o contato e respeito devido à alimentação, com moderação ao invés do exagero, configurando assim o que podemos associar ao prazer epicurista que tem como sede da ação a vontade e a razão.

            Moderação, vontade e razão.

É importante destacar que a razão grega transcende a lógica e beira beatitude (estado de bem estar) por ser um atributo da quintessência(!)  humana que é a monoda, a centelha do Logos no homem, e que cabe a cada um buscar e caberia aos que encontraram auxiliar, sendo que estes últimos seriam os chamados pontífices (construtores de pontes), barqueiros (que auxiliam na travessia), pastores ou govindas (os condutores de gado), mas como todos estes hoje se perderam em meio a aplausos e dízimos, e transformaram o meio em fim, e suas escolas em palcos, cabe a cada um de nós buscar seu modo de se desvencilhar dos grilhões de Prometeu acorrentado no Cáucaso.

É neste ponto que surge o problema.

Na arvore da vida todos galhos possuem valor, e no tronco encontramos a origem de todos os valores em forma de símbolos. Se uma ação vale mais do que mil palavras, um símbolo vale mais do que mil ações, pois ele leva em si valores que transcendem a forma. Para quem gostou nas analogias dos posts anteriores sobre música (1. ,  2.), aí vai mais uma: A ação se relaciona com o ritmo (corpo), as palavras com a melodia (alma), e os símbolos com a harmonia (espirito), e se hoje as ações tem maior valor que os símbolos é porque a interpretação dos mesmos se perderam.

E tal qual a harmonia numa sinfonia, alcançar o significado de um símbolo exige tempo, dedicação, moderação, vontade, amor e razão, e todos estes atributos devem ser obtidos com educação, prática, humildade, sem pressa e sem a necessidade de provar algo para alguém, vencer disputas retóricas ou massagear o ego.

Mas como em toda arvore, nem todos os galhos dão frutos, nem todos levam ao topo, e, absolutamente nenhum tem a visão de todos os outros, e por isso devemos ter a humildade de voltarmos para o tronco quando chegar a hora, e lá buscarmos um outro ramo que nos leve mais próximo da copa, do céu e do sol.

Antes de ser, muitos dirão que são.


quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

Correndo por novos caminhos

Quando eu era pequena eu tinha um grande sonho: correr a São Silvestre.

Era como um ritual de Ano Novo: logo após a largada na TV a gente corria para a Brigadeiro para saudar a garra daqueles atletas de perto.

O tempo passou. Cresci, estudei, trabalhei e realizei outros sonhos.
Mas todo fim de ano eu ficava pensando se seria possível concluir os 15 km mais famosos do atletismo brasileiro um dia...
Achava que não, afinal o tempo tinha passado, eu tinha feito muita coisa na vida, mas não tinha virado atleta.

Quando nos tornamos adultos achamos que podemos programar nossa vida até o final. E talvez esse seja nosso primeiro grande erro.
Mudamos o foco da carreira, ganhamos menos ou mais dinheiro do que programamos e o grande amor da nossa vida quase nunca é o primeiro.

O segundo grande erro está em nossa resistência às mudanças.
Precisamos deixar a vida acontecer e aceitar que tudo muda, muitas vezes para melhor.

Foi assim, num desses momentos em que deixei a vida acontecer, que comecei a praticar corrida e um dia realizei meu sonho de correr a São Silvestre.
Foi tão bom, me senti tão realizada e capaz, que o sonho se tornou um novo ritual de Ano Novo. Nunca mais viajei e troquei as 7 ondinhas pelas ruas de São Paulo.

Mas... tudo na vida muda e até isso mudou.
Em 2011 fomos surpreendidos com a notícia de que o percurso da São Silvestre havia mudado.
No começo eu resisti porque não aceitei a idéia de ter essa corrida sem a tão famosa descida da Consolação, sem o Minhocão e sem a chegada na Paulista!
Não seria a mesma coisa...

Mas e ai, eu não iria correr? E meu ritual de Ano Novo? O que eu ia fazer?

Comecei a ver a coisa por outro lado e aceitar que a vida tem mudanças das quais não podemos fugir.
As 7 maravilhas do mundo já não são as mesmas, Nova York não tem mais as torres gêmeas e nem a própria São Silvestre é mais noturna.

Mas quantas mudanças no mundo, e até mesmo na minha vida, não foram para melhor?
Então eu procurei não ser resistente e resolvi experimentar essa mudança...

Choveu, choveu muito!
Como se até São Pedro estivesse triste quando escutou “We are the Champions” na largada ao invés de “Chariots of Fire”.
Apesar da vontade que deu de virar à direita na Rua da Consolação foi um consolo passar pelo Estádio do Pacaembu.
E sempre cabe mais um em nossos corações, mas não precisava aumentar o número de participantes de 15mil para 25mil.. 10 mil é muita gente até para um coração Paulistano.
O corpo também reclamou.
A vilã da prova continua a mesma, a Brigadeiro, mas a temida subida virou mocinha e a descida fez com que nossos joelhos gritassem.
Chegada no Ibirapuera não teve graça nenhuma. Perdeu o charme e deixou a corrida com cara de tantas outras que temos durante o ano.
Nossas medalhas foram entregues num mar de lama e também não havia transporte para voltar para casa.
E choveu, choveu muito!

Valeu! O lado bom foi que me permiti conhecer os novos caminhos da São Silvestre e sobrevivi para escrever este texto.
Depois de tantos anos seguindo esse ritual agora eu me sinto livre para fazer outras escolhas em 2012.

O mundo vai mudar, as pessoas vão mudar, as coisas vão mudar... sempre! E algumas outras tantas não vão mudar, mas você vai ter mudado.
E a vida é assim, em todos os sentidos... não podemos ficar presos a velhos conceitos, rituais, trabalhos, relacionamentos... a menos que nos façam felizes, senão é sempre tempo de mudança.

E este é meu conselho para 2012:
Liberte-se!
Experimente novos caminhos e seja feliz!