terça-feira, 2 de novembro de 2010

Vamos Nos Perdoar

Hoje é dia de lembrar que a única certeza que temos na vida é a de que vamos morrer um dia, assim como as pessoas queridas que estão à nossa volta.

Acho que ninguém sabe o que veio fazer aqui no mundo, se é que viemos mesmo para algo, mas todos nós temos uma missão de vida em comum: Ser Feliz!

Essa busca pelo “Ser Feliz” muitas vezes é atrapalhada por diversos atropelos da vida.

Necessidade e Desejo são coisas bem diferentes.
A Necessidade é um conceito biológico natural que gera satisfação. Temos fome, comemos e logo nos sentimos satisfeitos.
Já o Desejo, ao contrário, não vem da natureza biológica, mas faz parte de todo humano.

O Desejo de Ser Feliz que todos nós temos está ligado a uma busca de ‘Reconhecimento e Amor’. Nossa memória guarda que um dia já fomos a pessoa mais importante do mundo para alguém, nossa mãe, e isso foi bom.

Mas nós crescemos, cortamos laços e nos vemos sozinhos no mundo com uma enorme necessidade de sermos importantes e amados por aqueles que estão à nossa volta.
Por isso queremos nos destacar no trabalho, construir bens, sermos belos e desejados e queremos também encontrar uma pessoa que nos ame pelo que somos e para a qual seremos importantes.

E um dia nós olhamos para a vida e até nos sentimos satisfeitos, mas não estamos felizes. Podemos ter tudo e ao mesmo tempo sentir um grande vazio no peito.

A verdade é que essa busca pelo “Ser Feliz” é impossível de ser suprida sem um outro alguém. Precisamos juntar nossa vida com a das outras pessoas, mas todos nós estamos errando muito, o que gera mágoas, marcas e tristezas.

Cada vez que nossa busca por ‘Reconhecimento e Amor’ é ferida, vamos acumulando traumas. Como defesa, para evitar futuros sofrimentos, podemos nos transformar em pessoas que não escolhemos ser.

Alguns se fecham, impedindo assim novas oportunidades de ser feliz e se iludem ao contentar-se apenas com os momentos de satisfação que a vida proporciona.

Outros podem tornar-se vingativos, frios e egocêntricos, pensando apenas em si próprios. Só que relações de ‘Amor’ são feitas de respeito e toda ação negativa gera uma reação também negativa. Essas pessoas só vão continuar se afastando do objetivo de “Ser Feliz”.

E outros podem tornar-se tão carentes que se apegam a tudo e a todos, sem critérios, inclusive a pessoas que as usam e as fazem sofrer.

Aqui no Mais Sentido nosso lema sempre foi: “Vamos Nos Permitir”. Mas a reflexão de hoje é outra. Talvez para que possamos ‘nos permitir’ seja necessário dar um passo para trás. Antes de qualquer coisa “Vamos Nos Perdoar”!

Se Permitir é seguir em frente e continuar tentando acertar na vida, mas se a gente caminhar com uma bagagem de mágoas e culpas nas costas, temos uma grande tendência de errar novamente.

Muitas pessoas já erraram conosco, nos magoando profundamente e fazendo com que nos sentíssemos como a pessoa menos amada do universo. Mas será que a gente já se perguntou por que essa pessoa errou? Será que ela queria o nosso mal ou a pessoa errou por não saber qual era o caminho certo?

E nós, já não erramos muitas vezes também? Quando erramos foi por maldade? Será que não erramos por querer dar o troco da mágoa que uma outra pessoa nos fez? E quando magoamos alguém sem querer?

Muitos de nós, quando reconhecemos nossos erros, achamos que devemos ser punidos por isso e que não merecemos a felicidade.

E esses erros, não perdoados, não digeridos, vão se transformando numa cadeia de mágoas e insatisfações que nos afastam cada vez mais do caminho do “Ser Feliz”.

A vida é cíclica e, se pararmos para analisar, determinados erros que as pessoas cometeram conosco e que nos fizeram sofrer nós também já cometemos com outras pessoas. Sofrer essa mágoa da vida pode ser uma oportunidade de corrigir um erro, se “limpar” e evoluir.

Perdoe aquele namorado que não te amou, perdoe aquela amiga que te ofendeu, perdoe seu pai e sua mãe pelos erros que eles cometeram com você e saiba que eles jamais tiveram intenção de lhe magoar, eles também são seres humanos, se perdem e erram. Perdoem inclusive aqueles que já morreram. Peça perdão pelas falhas que você cometeu com eles e perdoe por eles terem partido e deixado você aqui sozinho no mundo.

De nada adianta não perdoar. Ninguém é tão ruim e nós não somos perfeitos. Tente entender porque já erraram com você e perdoe. E, principalmente, perdoe a si próprio pelos erros já cometidos e não se culpe pelo resto da vida.

Enquanto a gente não encontra a felicidade podemos sustentar uma alegria de viver, encontrar um sentido para a vida e ser autor da própria história. O primeiro passo é o perdão. Limpe seu coração de toda mágoa e ressentimento e caminhe para uma vida nova.

É tempo da gente aprender alguma coisa.

“Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”

3 comentários:

  1. "Ninguém é tão ruim e nós não somos perfeitos"

    Saudades dessa sua sabedoria!

    Lindo texto, gostoso saber que compactuamos das mesmas conclusões mesmo estando distantes...

    Obrigada por partilhar!

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  2. Desde abril de 2010, duas frases têm estado constantemente na minha cabeça:

    "HAPPINESS ONLY REAL WHEN SHARED" - Do filme "Na Natureza Selvagem"

    "Knowing that love is to share" - Da música "Here and there and everywhere", The Beatles

    Eu que nunca me achei egoísta, de repente percebi que tinha agido de forma egocêntrica. Tudo o que fiz buscando satisfação me afastou da realização do desejo.

    O bom é ir aprendendo a compartilhar... a amar... E me sentindo mais feliz! :-D

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  3. Sábias palavras...

    Sempre fui tão relaxado e afastado do mundo cristão que muitas vezes me esqueço do pecado original, da culpa, do rancor que nos prende ao passado e preenche nossa alma de tal forma que não sobra espaço para o novo.

    Quando criança fui instruído a viver cada dia como se fosse uma nova vida com a experiência de muitas vidas... tendo em mente que cedo ou tarde toda vida vai embora e o que fica é a experiência partilhada.

    Me disseram que eu iria encontrar muitos "pais", uma só mãe, e dia chegaria onde eu teria muitos "filhos"... e que em momento algum eu deveria viver só para mim, correndo o risco de ser infeliz se o fizesse.

    Obrigado por me fazer lembrar de verdades tão nobres!

    D.

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