domingo, 4 de novembro de 2018

Conhecendo Pessoas | Conhecer é Julgar




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Aprendi errando, testando, observando e, depois de responder algumas vezes perguntas sobre como conhecer pessoas bacanas, resolvi escrever o que penso a respeito.


As pessoas mentem. Todos nós, sem excessão. Às vezes sem querer, outras querendo um pouco. Às vezes para parecermos mais do que somos ou, estrategicamente, parecer menos...


Não sou contra a mentira. Sou fã de Don Quixote e considero que a narrativa está num patamar de valor superior a objetividade. Conheço também as nuances da memória, que é naturalmente falha, de forma bela inclusive. Nosso aniversário de infância maravilhoso, aquela viagem na praia com os amigos, definitivamente possui uma versão que só existe em nossa mente, e ela é ótima, e deve ser valorizada.

Mas também acredito que num contexto em que duas pessoas estão se conhecendo a mentira pode atrapalhar, iludir, decepcionar, quando uma das partes mente sobre si, vendendo o que não existe.


Logo, não confio no que dizem, por isso sigo outros caminhos para inferir o caráter das pessoas, sendo:


- Caráter: "valor de alma", traços psicológicos, emocionais, que compõe um indivíduo;


- Inferir: deduzir e julgar com base em elementos esparsos, como Sherlock Holmes. Técnica falível, mas funcional.


Como faço? Simples, sigo o modelo árabe de julgamento, observando os arredores, tentando focar no horizonte de eventos, o limiar entre o pessoal e público, muitas vezes conhecido apenas pela pessoa em si. Já devem ter ouvido falar disso: "Diga-me com quem andas e eu te direi quem és". A base é esta, mas sou de exatas e entendo de cálculos. Baseado na verdade da premissa adiciono subtração, frequência, potência, evolução, etc.


- Quem são seus amigos mais próximos? Há quantos anos os conhece?

- Qual sua relação com os familiares, principalmente pais e irmãos? Como lida com colegas de trabalho ou estudo?


Se uma pessoa não possui amigos e tem todo o tempo do mundo para dedicar a você, desconfie.


Se os amigos da pessoa são todos recentes, conhecidos no trabalho ou faculdade, desconfie. Entenda onde estão os antigos amigos, se é que eles existem.


Às vezes a pessoa que conheceu está renovando os amigos, mudando a mentalidade, amadurecendo, começando a se aproximar de novos perfis e se afastar dos antigos. Essa é uma possibilidade. A outra possibilidade é que os outros se afastaram dela, e ela sim é a pessoa imatura e inflexível, do tipo que parece ter respostas para tudo e compete até em sofrimento. Você diz que teve uma gripe, ela responde que teve pneumonia.


Digamos que vocês estão saindo há 3 semanas e em nenhum momento apareceu outro compromisso na vida dela. Nada de bar com amigos, cafés, rolês, happy hours, Netflix. Nunca aparece um "nesse dia não posso, tenho um compromisso com...". Desconfie!


Descubra quais são seus sofrimentos. Buda e Schopenhauer deixaram isso claro: todo mundo sofre.


Como essa pessoa lida com os sofrimentos? Culpa as pessoas ao redor? Culpa a si mesmo? Se considera indigna? Perseguida? Incompreendida?


Independente da resposta, o mais importante é observar se essa pessoa tem um PLANO para lidar com a situação atual e sua respectiva projeção futura. Veja bem, o plano não precisa ser bom, nem estar completo ou oferecer garantia. O plano é o norte, é a vela do barco içada e a postos para receber o vento.


Uma pessoa sem um plano está a deriva. Desconfie.


E, uma pergunta muito, mas muito importante sobre o plano:

- Como está indo?


Essa é a pergunta que devemos fazer para nós e para os outros. A pessoa apresenta toda uma visão de mundo, mostra que entende disso, daquilo, é super esclarecida, com um exímio bom senso, mas o que realmente importa é:

- Como está indo? Onde essa visão de mundo já te levou até agora?


Se a pessoa está há dez anos com uma visão de mundo que não a levou muito longe, desconfie. Ou essa visão é nova, ou essa pessoa é incompetente e tem um péssimo plano.


Planos recentes às vezes são difíceis de avaliar, nestes casos, a menos que a pessoa tenha 13 anos, avalie seus antigos planos. Se o objetivo da pessoa é vender coco verde na praia para juntar uma grana e viajar pelo mundo, ótimo! Se esta pessoa está há 5 anos vendendo água de coco verde na praia e mal consegue chegar na Argentina, desconfie.


E, acima de tudo:
Julgue a pessoa pelo o que ela é por fora. Sempre.
Jamais trate a pessoa com base em um suposto valor interior. Se a pessoa se comporta como uma trouxa, cheia dos vacilos, trate-a como tal.


Se uma pessoa é violenta, trate-a como tal. Não pense de forma alguma que por dentro é uma boa pessoa. Ninguém tem obrigação alguma para com o interior das pessoas. A história da Bela e a Fera pode ter lhe dado uma ideia errada sobre esse ponto. Jamais tenha fé no interior das pessoas, isso pode lhe custar a sua vida ou a vida pessoas que você gosta.
"Por dentro é uma boa pessoa" 
"Só estava nervoso"; 
"É um pouco excêntrico"; 
"É o jeito dele;" 
"É descendente de _______ e eles são assim mesmo";
Se ouvir qualquer uma dessas pérolas, desconfie.
Não existe fogo amigo. Fogo é fogo. Se está atirando em você, não é seu amigo, e você deve responder à altura.


Repito, ninguém tem a obrigação alguma de lidar com o interior das pessoas.


Se é boa por dentro e péssima por fora, vire dos avessos e volte outra hora.


Se você se considera um "excêntrico" e acha que seus amigos sabem como você é "difícil" e vão relevar, reconsidere. Ninguém é obrigado a lhe aguentar e saiba que já lhe prestaram um grande serviço ao te aceitarem por perto todo esse tempo. Acredite, essa vaga não é vitalícia.


Valorize o Exterior


Se alguém diz que gosta de você, MAS NÃO GOSTA
Das músicas que você ouve;
Das séries que você assiste;
Da comida que você come;
Do jeito que se veste;
Dos amigos que você tem;
Das causas pelas quais luta;
Dos memes que te fazem rir;
Da dança que você dança;
Etc… etc…
Caia na real, essa pessoa não gosta de você, e talvez você tenha que explicar isso a ela.


O oposto disso tudo está é a honestidade. A pessoa tem que mostrar a que veio.


Hoje há lugar para todos, amigo próximo, ocasional, esquema mais sério ou sem compromisso, "de boa de boa". O importante é mostrar a que veio, para não desperdiçar o tempo de ninguém e depois sumir ou atrapalhar a vida do outro de alguma forma, ocupando as vezes um espaço precioso.


A vida é um jogo melhor jogado quando as cartas estão na mesa. Você mostra as suas, o outro faz o mesmo, e então decidem se vão ou não seguir adiante. Neste cenário, o respeito está na honestidade das cartas apresentadas. Sejam sinceros, na humildade, e sejam felizes.

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