quarta-feira, 17 de março de 2010

Medo de Amar, por Marina Gold

Texto de Marina Gold, publicado no site do Terra.


O homem é um ser cauteloso cujo grande traço característico é o medo de sofrer. Seja na dimensão física, quando tenta se cercar de todas as defesas possíveis, muitas vezes lutando bravamente para pagar um Plano de Saúde particular, tentando não fumar, não engordar, não beber álcool, e todas essas tarefas tão difíceis de se realizar vida afora, mas totalmente indispensáveis, para aqueles que cuidam com atenção da própria saúde, evitando grandes dores.
No território afetivo, na questão do amor, por sua vez, uma pessoa acaba por conseguir proteger a si mesma quando se defende de amar, de se entregar aos sentimentos e muitas vezes sem outra razão além da sua própria insegurança, da falta de confiança em suas possibilidades pessoais e, principalmente, da dificuldade que tem para lidar com as perdas. Nessa condição, as pessoas são tão desconfiadas que não se entregam de jeito nenhum aos próprios sentimentos, se colocando à margem da relação, sem se permitir mergulhar nela de verdade.
Esse comportamento de "defesa ante ao amor" pode ocorrer também por outro motivo: pode significar falta de humildade, egoísmo, e até covardia. Muitas pessoas amam tanto a si mesmas que não sobra espaço para amar mais ninguém. Elas parecem impermeáveis ao amor, e às vezes nem só ao amor sentimental, mas acabam também estendendo sua incapacidade de envolvimento afetivo aos próprios familiares e amigos.
Na verdade, quando alguém tem medo de perder no amor, nada mais ocorre do que uma "quase intuição", pois o ser humano, sempre sabe, por um instinto natural, o que representa perigo para ele. Neste caso, ocorre a impressão de que algo pode não dar certo, um sentimento de que há, na sinfonia toda, uma nota desafinada, uma sensação de que as coisas não se encaixam adequadamente.
Qualquer uma das duas atitudes é portadora de infelicidade: não se entregar ao amor por medo é tão problemático quanto entregar os sentimentos mais puros a alguém que, por autoestima exagerada, não consegue e nem deseja retribuir esse amor. Apenas uma atitude equilibrada e atenta pode livrar alguém desses extremos que machucam e trazem infelicidade.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Tanta Estrela Por Ai



A Vida...
Ela é nossa, nos pertence, temos o controle dela nas mãos, mas não sabemos ao certo como usar. Qual botão devemos apertar para ser feliz?

Desde pequenos somos obrigados a ir para a rua em busca de uma vida melhor. Nossos pais nos passam valores e ensinam que temos que estudar e trabalhar para, quando formos adultos, termos uma Casa Feliz. Essa casa pode ser com cônjuge e filhos ou somente com discos e livros, mas um lugar que seja seu canto e que te faça feliz... do seu jeito.

A Casa é como se fosse a nossa Alma e a Rua o nosso Corpo.

Todos os caminhos que percorremos na vida são para chegar à nossa Casa Feliz. É nessa casa que mora nossa Alma Feliz. Quanto melhores para nós mesmos nós formos, mais próximos dessa conquista ficaremos.

O nosso único transporte para chegar à Casa Feliz é o corpo. Assim como as ruas o corpo tem limitações e sinalizações que indicam o certo e o errado, hormônios que desnorteiam e sentimentos que precisam ser conhecidos. E por mais que a gente estude o guia, somente saindo de casa é que vamos conhecer os caminhos.

Só que isso não tem fim. Quando saímos para a rua e voltamos com tijolos para a construção da Casa Feliz, somos levados a buscar mais e mais. A vida é cíclica, não há como ficar parado no mesmo lugar.

Vivemos numa eterna roda de mortes e renascimentos porque precisamos caminhar. Sofremos na escola para se adaptar aos colegas, professores e aprender as matérias, depois ficamos muito felizes na formatura. Mas ai começa tudo de novo na faculdade. Esse recomeço gera novo sofrimento, mas entrar numa nova roda significa evolução.

Uma das verdades sobre a vida, ensinadas por Buda, é que “o motivo do sofrimento é o desejo”. A forma de cessar o sofrimento seria não mais desejar, mas dessa forma cessaríamos também a felicidade.

Então melhor conviver com a idéia de que vamos sofrer e ser feliz muitas vezes, já que queremos mais da vida. O que precisamos descobrir é qual o nosso verdadeiro desejo. Muitas vezes sofremos e ficamos presos numa dessas rodas porque não aceitamos que um desejo não foi atendido. Temos desejos maiores e menores, você decide qual deverá ter mais importância.

Quanta gente não chora por um amor não correspondido? A escolha é de cada um. Podemos ficar presos a um desejo menor, que é ter ao nosso lado uma determinada pessoa que escolhemos e não nos escolheu, ou deixar partir e continuar valorizando um desejo maior, que é ser feliz no amor.

Isso vale para tudo. De que adianta chorar aquela promoção que não vem se você sabe que está na profissão errada? Vale se apegar ao desejo menor ou batalhar pelo maior? Escolhas...

Sigo um método de aprendizado de vida que considero muito eficiente, que é o método da observação. Observo tudo o que já deu de certo e errado, observo minhas sensações vividas no momento em que as coisas ocorreram e observo também o que acontece com as pessoas que estão próximas a mim.

A conclusão que chego é que tudo o que a gente deseja se realiza, mas às vezes as coisas ficam travadas porque a gente tem medo de batalhar pelos desejos maiores e se apega aos desejos menores, por puro medo de ficar sem nada. Mas a gente não se satisfaz com esses desejos menores.

Essa interferência entre os desejos faz com que as coisas em nossa vida dêem errado. Quando a gente se decide e foca em um dos desejos, os caminhos se abrem. E quanto mais claros forem os caminhos dos desejos, mais rápido eles se realizam.

Todas as estrelas são lindas, a melhor de todas é a que consegue iluminar sua Casa e torná-la Feliz. Saia para a rua, entre no seu disco voador e guie para o seu coração.

Não tenha medo de desejar as estrelas e saiba que elas são infinitas no céu.

“Oh! Oh! Oh! Seu Moço!
Do Disco Voador
Me leve com você
Prá onde você for

Oh! Oh! Oh! Seu Moço!
Mas não me deixe aqui
Enquanto eu sei que tem
Tanta estrela por aí...”

quinta-feira, 4 de março de 2010

O Homem e a Mulher



De Victor Hugo

O homem é a mais elevada das criaturas.
A mulher é o mais sublime dos ideais.
Deus fez para o homem um trono;
Para a mulher um altar.
O trono exalta; o altar santifica.
O homem é o cérebro e a luz; a mulher o coração e o amor.

A luz fecunda; o amor ressuscita.
O homem é o gênio; a mulher o anjo.
O gênio é imensurável; o anjo indefinível.
A aspiração do homem é a suprema glória;
A aspiração da mulher, a virtude extrema.
A glória traduz grandeza; a virtude traduz divindade
.

O homem tem a supremacia; a mulher a preferência.
A supremacia representa força.
A preferência representa o direito.
O homem é forte pela razão; a mulher invencível pelas lágrimas.
A razão convence; a lágrima comove.
O homem é capaz de todos os heroísmos;
A mulher de todos os martírios.
O heroísmo enobrece; os martírios sublima.


O homem é o código; a mulher o evangelho.
O código corrige; o evangelho aperfeiçoa.
O homem é o templo; a mulher, um sacrário.
Ante o templo, nos descobrimos;
Ante o sacrário ajoelhamo-nos.

O homem pensa; a mulher sonha.
Pensar é ter cérebro;
Sonhar é ter na fronte uma auréola.

O homem é um oceano; a mulher um lago.
O oceano tem a pérola que embeleza;
O lago tem a poesia que deslumbra.
O homem é a águia que voa; a mulher o rouxinol que canta.
Voar é dominar o espaço; cantar é conquistar a alma.
O homem tem um fanal; a consciência;
A mulher tem uma estrela: a esperança.
O fanal guia, a esperança salva.


Enfim...
O homem está colocado onde termina a terra;
A mulher onde começa o céu...